Metodologia

O ISA-Atividade Física e Ambiente é um estudo longitudinal observacional de coorte. Este projeto é desenvolvido no município de São Paulo. Esta cidade tem população estimada de 11.451.999 milhões de habitantes em 2022 que vivem numa área de 1.521,110 km2 e densidade populacional de 7.528,26 habitantes por km2. A cidade é dividida em 96 distritos, 31 subprefeituras e seis áreas de saúde. São Paulo concentra cerca de 10% do produto interno bruto do país e está entre as 10 cidades mais populosas no mundo.

O ISA-Atividade Física e Saúde é uma coorte que surgiu do ISA-Capital, que é um inquérito de saúde realizado em São Paulo que tem como principal objetivo realizar levantamento de indicadores de saúde que sirvam para pesquisas e para planejamento e ação. O ISA-Capital é uma parceria entre pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública e de Medicina da Universidade de São Paulo com a Secretaria Municipal de Saúde. 

Já foram realizados três inquéritos (2003, 2008, 2015) e a partir de 2023 foi iniciado o quarto inquérito .

O ISA-Atividade Física e Ambiente utiliza a linha de base do ISA-Capital 2015 e tem como objetivo primário verificar as relações longitudinais entre o ambiente onde as pessoas vivem com práticas de atividades físicas no lazer e como forma de deslocamento. Os objetivos secundários são verificar se o ambiente afeta a obesidade, a hipertensão arterial, depressão e ansiedade. O estudo foi aprovado como um auxílio à pesquisa temático pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)  e o protocolo foi publicado por Florindo et al. (2021)

A amostragem de 2015 foi feita por conglomerados e estratificada em dois estágios, tendo como base geográfica as cinco coordenadorias de saúde da cidade de São Paulo vigentes até 2014 (norte, centro-oeste, sudeste, sul, leste) e como base demográfica a idade e o sexo. Primeiramente, foram sorteados 30 setores censitários em cada área de saúde (totalizando 150 setores censitários). Posteriormente, foram sorteados os domicílios dentro dos setores censitários e os domínios das faixas etárias dentro dos domicílios onde ocorreram as entrevistas. Os setores censitários foram estratificados em níveis de acordo com a escolaridade do chefe de família com base nos dados do Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no ano de 2010. No ISA-Capital 2015 foram entrevistadas 4042 pessoas com 12 anos ou mais entre 2014/2015, incluindo homens e mulheres. Maiores detalhes sobre a amostragem podem ser obtidos no estudo publicado por Alves et al. (2018).

A partir de 2020/2021 e 2023/2024, foram realizadas novas coletas de acompanhamento na tentativa de entrevistar adultos (18 anos ou mais) para serem acompanhados pelo ISA-Atividade Física e Ambiente. As coletas de 2020/2021 foram realizadas por telefone e as de 2023/2024 foram realizadas tanto por telefone como nos domicílios. Todas as coletas de dados foram realizadas por entrevistadores treinados com processo de controle de qualidade e confirmação das entrevistas que envolveu a checagem de áudios (entrevistas telefônicas) e a confirmação de entrevistas domiciliares em 10% da amostra. Foram excluídas mulheres gestantes, pessoas que se mudaram do município de São Paulo, pessoas que sofreram acidentes que as impediram de forma permanente de praticar atividades físicas no tempo de lazer e como forma de deslocamento como dependentes de cadeira de rodas, andadores e amputados, e pessoas incapazes de responder o questionário sozinhas devido à doenças mentais. No final, foram obtidos com sucesso dados de novas entrevistas de pessoas com 18 anos ou mais de 35,5% da amostra original da linha de base na segunda onda e de 39% da amostra original da linha de base na terceira onda.

Avaliação da Atividade Física

Avaliação por questionários

O instrumento utilizado para avaliar a prática de atividade física em todas as coletas foi a versão longa do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Além IPAQ, existem questões dicotômicas para avaliar de forma separada alguns tipos de práticas de exercícios físicos ou esportes, que incluiu as práticas de uso da bicicleta no tempo de lazer. Será verificada a frequência de pessoas que usam a bicicleta como lazer.

Avaliação por acelerometria

Os participantes que responderam ao questionário na terceira onda foram convidados a usar o Actigraph (GT3x+/ wGT3X-BT) por 9 dias no punho não-dominante dos participantes. O uso válido mínimo foi três dias de semana e um dia do final de semana com ≥16h. Os acelerômetros foram configurados para coletar a 60 Hz, e epoch de 5s para download. Os critérios de exclusão foram gestação, pacientes oncológicos ou com marca-passo, participantes com movimentos limitados por cirurgia recente. Ao todo, 945 participantes aceitaram usar o aparelho.

Avaliação do ambiente construído

Dados em macroescala

Foi implementado um projeto de geoprocessamento para a extração de dados do macroambiente construído, que estão sendo obtidos por meio dos dados geoespaciais disponibilizados de forma aberta pela Prefeitura do Município de São Paulo pela base de dados da biblioteca eletrônica GEOSAMPA, coordenada pela Secretaria de Urbanismo e Licenciamento do município de São Paulo <http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx>, dados disponibilizados pelo Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE) <www.ibge.gov.br>, dados do site da Secretaria da Fazenda do Estado de SP pelo link: <https://www.cadesp.fazenda.sp.gov.br/(S(2yluv2qedwkxi3zgp3on4wek))/Pages/Cadastro/Consultas/ConsultaPublica/DownloadDadosPublicos.aspx> e dados do ambiente social de indicadores de violência obtidos pela parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) <www.nev.prp.usp.br>.

Dados em microescala

Além dos dados obtidos por geoprocessamento, estão sendo utilizados dados da avaliação do microambiente avaliados pelo Microscale Audit of Pedestrian Streetscapes (MAPS), onde foram feiras auditagens on-line por meio do Google Street View nos entornos das residências das pessoas entrevistadas. Por meio do MAPS é possível avaliar rotas, segmentos e cruzamentos no entorno das residências que incluem itens importantes como o uso misto do solo, os tipos dos estabelecimentos, as faixas de pedestres, semáforos, as condições das calçadas e a estética dos locais. Foram avaliados dados de todas as residências da amostra da segunda onda (n=1434 pessoas em 2020/2021). Todo o detalhamento do protocolo utilizado pode ser obtido no estudo publicado por Oliveira et al. (2023) <https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/15037/11300>.